sexta-feira, 3 de abril de 2015

Rio Guaporé: Começa em Pedras Negras a 121ª Festa do Divino


O Imperador e a Imperatriz da festa em Rolim de Moure presidem domingo o início da Festa do Divino

A 121ª edição da Festa do Senhor do Divino Espírito Santo começa neste domingo de Páscoa, com a saída da Igarité do Divino, com seus remeiros, cantores, mestres e guardiões dos símbolos, que parte da localidade de Rolim de Moura, no Rio Guaporé e vai visitar perto de 50 comunidades até chegar na quarta-feira anterior ao domingo de Pentecostes à cidade de Pimenteiras onde se dará o encerramento.
A Festa do Divino Espírito Santo no Rio Guaporé é o segundo festejo religioso mais antigo da Amazônia, superado apenas pelo Círio de Nazaré, em Belém do Pará. Ao contrário de similares que acontecem em vários estados brasileiros, no Guaporé não existe cavalhada ou luta entre “mouros” e “cristãos”, sendo o deslocamento feito todo por via fluvial.
Trazida da região de Cuiabá em 1894, a Festa do Divino visita as comunidades brasileiras e bolivianas ao longo dos rios Guaporé e Paraguá. Na década de 1930 as celebrações foram normatizadas pelo bispo Dom Francisco Xavier Rey, e a sede d Irmandade do Espírito Santo é localizada na cidade de Costa Marques.

As sedes são sempre escolhidas no ano anterior quando também são sorteados, dentre os membros da Irmandade as principais autoridades da próxima Festa, o imperador, a imperatriz e outros componentes da coordenação. Com ritos próprios e ritmos específicos, as celebrações atraem milhares de pessoas, especialmente na sede do encerramento.

O Barco do Divino leva dentro a Arca contendo a Coroa, a Bandeira, as Toalhas do altar e os livros de Ata. Após o encarregado da Coroa receber a arca, o Barco do Divino inicia sua peregrinação ao longo do rio Guaporé, por quarenta dias, até o final da Festa, colhendo óbolos entre os ribeirinho, 0 Final da Festa dá-se no dia de Pentecostes.

Ao aproximar-se de cada povoação, 0 Barco do Divino anuncia a sua chegada através de ronqueira (artefato confeccionado em madeira com um cano de ferro por onde é introduzido a pólvora), três buzinadas em chifres de bois, e mais próximos, os remeiros entoam cânticos de chegada e fazem a "meia Lua", em frente ao porto, que consiste em três voltas circulares com, o barco, antes de aportar. As remadas são cadenciadas e os romeiros espargem água para o alto entre uma remada e outra. 0 caxeiro, inicia o toque do tarol.

Fonte: Lucio Albuquerque/gentedeopiniao